Tipos de Extintores e Classes de Fogo em Portugal: Guia Completo
Descubra qual o extintor ideal para cada tipo de incêndio. Guia atualizado sobre classes de fogo e legislação de segurança em Portugal.
Quando ouvimos falar em segurança contra incêndios, a imagem que nos vem imediatamente à cabeça é o tradicional extintor vermelho pendurado na parede. Mas sabia que usar o extintor errado pode, em alguns casos, piorar a situação em vez de a resolver?
Em Portugal, a legislação de segurança (SCIE) é bastante específica sobre os equipamentos que cada edifício deve ter. Não se trata apenas de cumprir a lei para evitar coimas; trata-se de garantir que, num momento de pânico, tem na mão a ferramenta certa para salvar vidas e património.
Neste guia completo, vamos deixar de lado as listas técnicas complexas e explicar-lhe, de forma simples e direta, como funcionam as classes de fogo e que extintor deve escolher para cada cenário.
O Primeiro Passo: Identificar o Inimigo (Classes de Fogo)
Para combater um incêndio, primeiro precisamos de perceber o que está a arder. As normas europeias, que Portugal segue rigorosamente, dividem os fogos em cinco categorias distintas, chamadas "Classes".
Classe A: Os Sólidos Comuns
É o tipo de fogo mais habitual. Acontece quando materiais sólidos orgânicos entram em combustão. Estamos a falar de madeira, papel, tecidos, cartões, plásticos ou borrachas.
A característica principal destes incêndios é que queimam em profundidade e deixam resíduos (brasas ou cinzas). Para os apagar, o método mais eficaz é o arrefecimento.
Classe B: Os Líquidos Inflamáveis
Aqui o perigo aumenta. A Classe B refere-se a fogos alimentados por líquidos ou sólidos que se tornam líquidos com o calor. Exemplos clássicos são a gasolina, o gasóleo, óleos industriais, tintas, vernizes ou álcool.
Nestes casos, não tentamos "arrefecer" da mesma forma; o objetivo é "abafar" o fogo, cortando-lhe o oxigénio para impedir a reação em cadeia.
Classe C: Os Gases
Talvez dos mais perigosos pela sua volatilidade, os fogos de Classe C envolvem gases inflamáveis como o butano, propano, gás natural ou acetileno.
A prioridade máxima nestes incêndios não é apenas extinguir a chama, mas sim cortar o fornecimento do gás para evitar explosões.
Classe D: Metais que Ardem
Parece estranho, mas certos metais como o magnésio, titânio, potássio ou sódio podem arder. São fogos muito específicos, geralmente industriais, que atingem temperaturas elevadíssimas.
Atenção: Nunca use água nestes incêndios, pois a reação pode ser explosiva. Exigem extintores de pó químico especial.
Classe F: O Pesadelo das Cozinhas
Esta é uma classe criada mais recentemente para lidar com um problema muito comum: óleos e gorduras alimentares em fritadeiras e equipamentos de cozinha.
Tentar apagar uma fritadeira a arder com água é um erro fatal que causa uma projeção violenta do óleo a arder. Para estes casos, precisamos de agentes que criem uma camada de espuma selante (saponificação).
E os fogos elétricos? Provavelmente já ouviu falar da antiga "Classe E". Hoje em dia, tecnicamente, ela não existe. Considera-se que temos um fogo de uma das classes acima (A, B, etc.) na presença de corrente elétrica.
A regra de ouro é sempre desligar a eletricidade (cortar o quadro). Se não for possível, é obrigatório usar um extintor não condutor, como o de CO₂.
Que Extintor Escolher?
Agora que já sabemos o que arde, vamos ver qual a "arma" correta para cada batalha. Em Portugal, os extintores distinguem-se pelo agente extintor que contêm dentro.
Extintores de Pó Químico (ABC)
Se olhar à sua volta, provavelmente verá um destes. São os mais versáteis do mercado porque cobrem as Classes A, B e C. O pó químico atua quimicamente sobre a chama e cria uma capa que abafa o fogo.
- Onde usar: Escritórios, armazéns, garagens, veículos.
- Onde evitar: O pó é corrosivo e faz muita sujidade. Evite usar em salas de servidores ou junto a equipamentos eletrónicos sensíveis, pois o pó pode inutilizá-los.
Extintores de Dióxido de Carbono (CO₂)
Este extintor é fácil de reconhecer pelo seu difusor largo em forma de copo. O CO₂ é um gás que sai a temperaturas negativas, congelando a zona e retirando o oxigénio.
- Grande vantagem: Não deixa qualquer resíduo. É um gás limpo e não conduz eletricidade.
- Onde usar: É obrigatório junto a quadros elétricos, em salas de servidores, laboratórios ou escritórios com muitos computadores.
- Atenção: É pouco eficaz em fogos de papéis ou madeira (Classe A) e não deve ser usado em espaços muito pequenos sem ventilação, devido ao risco de asfixia.
Extintores de Água e Espuma
Os extintores de água com aditivos ou de espuma mecânica são excelentes para fogos de Classe A e B. A espuma cria um "cobertor" sobre o combustível líquido, impedindo que os vapores inflamáveis se libertem.
- Onde usar: Indústrias de papel, madeira, têxteis ou zonas de armazenamento de combustíveis.
Extintores para Cozinhas (Agente Húmido)
Se gere um restaurante ou cantina, este é o equipamento que a lei exige para a zona de confeção. O agente químico húmido reage com o óleo a ferver, transformando-o numa massa de sabão incombustível e arrefecendo-o simultaneamente.
Manutenção: A Segurança Não Tira Férias
Ter o extintor "bonito" na parede não chega. A Norma Portuguesa NP 4413 define regras estritas para garantir que eles funcionam quando precisamos:
1. Inspeção Trimestral: Pode ser feita por si. Verifique se o extintor está no sítio certo, se o acesso não está bloqueado por caixotes ou móveis, e se o manómetro tem a agulha na zona verde.
2. Manutenção Anual: Esta é obrigatória por lei e tem de ser feita por uma empresa certificada. Eles verificam a pressão, o estado do pó/gás e colocam a etiqueta de validade.
3. Recargas:
- Extintores de Pó, Água e Espuma: Devem ser recarregados a cada 5 anos.
- Extintores de CO₂: Devem ser recarregados a cada 10 anos.
4. Fim de Vida: Ao fim de 20 anos, o extintor deve ser abatido e substituído por um novo.
Em Resumo
A escolha do extintor não é um detalhe burocrático; é a primeira linha de defesa da sua empresa. Uma "parede de defesa" mista, com extintores ABC para as áreas gerais e CO₂ junto aos equipamentos elétricos, é geralmente a aposta mais segura para a maioria dos escritórios e comércios em Portugal.
Tem dúvidas sobre se o seu plano de incêndios está conforme a lei? Na Medisigma, podemos ajudar a auditar e garantir a segurança do seu espaço.
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