Tipos de Extintores e Classes de Fogo em Portugal: Guia Completo

Equipa Medisigma19 de dezembro de 2025

Descubra qual o extintor ideal para cada tipo de incêndio. Guia atualizado sobre classes de fogo e legislação de segurança em Portugal.

Quando ouvimos falar em segurança contra incêndios, a imagem que nos vem imediatamente à cabeça é o tradicional extintor vermelho pendurado na parede. Mas sabia que usar o extintor errado pode, em alguns casos, piorar a situação em vez de a resolver?

Em Portugal, a legislação de segurança (SCIE) é bastante específica sobre os equipamentos que cada edifício deve ter. Não se trata apenas de cumprir a lei para evitar coimas; trata-se de garantir que, num momento de pânico, tem na mão a ferramenta certa para salvar vidas e património.

Neste guia completo, vamos deixar de lado as listas técnicas complexas e explicar-lhe, de forma simples e direta, como funcionam as classes de fogo e que extintor deve escolher para cada cenário.

O Primeiro Passo: Identificar o Inimigo (Classes de Fogo)

Para combater um incêndio, primeiro precisamos de perceber o que está a arder. As normas europeias, que Portugal segue rigorosamente, dividem os fogos em cinco categorias distintas, chamadas "Classes".

Classe A: Os Sólidos Comuns

É o tipo de fogo mais habitual. Acontece quando materiais sólidos orgânicos entram em combustão. Estamos a falar de madeira, papel, tecidos, cartões, plásticos ou borrachas.

A característica principal destes incêndios é que queimam em profundidade e deixam resíduos (brasas ou cinzas). Para os apagar, o método mais eficaz é o arrefecimento.

Classe B: Os Líquidos Inflamáveis

Aqui o perigo aumenta. A Classe B refere-se a fogos alimentados por líquidos ou sólidos que se tornam líquidos com o calor. Exemplos clássicos são a gasolina, o gasóleo, óleos industriais, tintas, vernizes ou álcool.

Nestes casos, não tentamos "arrefecer" da mesma forma; o objetivo é "abafar" o fogo, cortando-lhe o oxigénio para impedir a reação em cadeia.

Classe C: Os Gases

Talvez dos mais perigosos pela sua volatilidade, os fogos de Classe C envolvem gases inflamáveis como o butano, propano, gás natural ou acetileno.

A prioridade máxima nestes incêndios não é apenas extinguir a chama, mas sim cortar o fornecimento do gás para evitar explosões.

Classe D: Metais que Ardem

Parece estranho, mas certos metais como o magnésio, titânio, potássio ou sódio podem arder. São fogos muito específicos, geralmente industriais, que atingem temperaturas elevadíssimas.

Atenção: Nunca use água nestes incêndios, pois a reação pode ser explosiva. Exigem extintores de pó químico especial.

Classe F: O Pesadelo das Cozinhas

Esta é uma classe criada mais recentemente para lidar com um problema muito comum: óleos e gorduras alimentares em fritadeiras e equipamentos de cozinha.

Tentar apagar uma fritadeira a arder com água é um erro fatal que causa uma projeção violenta do óleo a arder. Para estes casos, precisamos de agentes que criem uma camada de espuma selante (saponificação).

E os fogos elétricos? Provavelmente já ouviu falar da antiga "Classe E". Hoje em dia, tecnicamente, ela não existe. Considera-se que temos um fogo de uma das classes acima (A, B, etc.) na presença de corrente elétrica.

A regra de ouro é sempre desligar a eletricidade (cortar o quadro). Se não for possível, é obrigatório usar um extintor não condutor, como o de CO₂.


Que Extintor Escolher?

Agora que já sabemos o que arde, vamos ver qual a "arma" correta para cada batalha. Em Portugal, os extintores distinguem-se pelo agente extintor que contêm dentro.

Extintores de Pó Químico (ABC)

Se olhar à sua volta, provavelmente verá um destes. São os mais versáteis do mercado porque cobrem as Classes A, B e C. O pó químico atua quimicamente sobre a chama e cria uma capa que abafa o fogo.

  • Onde usar: Escritórios, armazéns, garagens, veículos.
  • Onde evitar: O pó é corrosivo e faz muita sujidade. Evite usar em salas de servidores ou junto a equipamentos eletrónicos sensíveis, pois o pó pode inutilizá-los.

Extintores de Dióxido de Carbono (CO₂)

Este extintor é fácil de reconhecer pelo seu difusor largo em forma de copo. O CO₂ é um gás que sai a temperaturas negativas, congelando a zona e retirando o oxigénio.

  • Grande vantagem: Não deixa qualquer resíduo. É um gás limpo e não conduz eletricidade.
  • Onde usar: É obrigatório junto a quadros elétricos, em salas de servidores, laboratórios ou escritórios com muitos computadores.
  • Atenção: É pouco eficaz em fogos de papéis ou madeira (Classe A) e não deve ser usado em espaços muito pequenos sem ventilação, devido ao risco de asfixia.

Extintores de Água e Espuma

Os extintores de água com aditivos ou de espuma mecânica são excelentes para fogos de Classe A e B. A espuma cria um "cobertor" sobre o combustível líquido, impedindo que os vapores inflamáveis se libertem.

  • Onde usar: Indústrias de papel, madeira, têxteis ou zonas de armazenamento de combustíveis.

Extintores para Cozinhas (Agente Húmido)

Se gere um restaurante ou cantina, este é o equipamento que a lei exige para a zona de confeção. O agente químico húmido reage com o óleo a ferver, transformando-o numa massa de sabão incombustível e arrefecendo-o simultaneamente.


Manutenção: A Segurança Não Tira Férias

Ter o extintor "bonito" na parede não chega. A Norma Portuguesa NP 4413 define regras estritas para garantir que eles funcionam quando precisamos:

1. Inspeção Trimestral: Pode ser feita por si. Verifique se o extintor está no sítio certo, se o acesso não está bloqueado por caixotes ou móveis, e se o manómetro tem a agulha na zona verde.

2. Manutenção Anual: Esta é obrigatória por lei e tem de ser feita por uma empresa certificada. Eles verificam a pressão, o estado do pó/gás e colocam a etiqueta de validade.

3. Recargas:

  • Extintores de Pó, Água e Espuma: Devem ser recarregados a cada 5 anos.
  • Extintores de CO₂: Devem ser recarregados a cada 10 anos.

4. Fim de Vida: Ao fim de 20 anos, o extintor deve ser abatido e substituído por um novo.


Em Resumo

A escolha do extintor não é um detalhe burocrático; é a primeira linha de defesa da sua empresa. Uma "parede de defesa" mista, com extintores ABC para as áreas gerais e CO₂ junto aos equipamentos elétricos, é geralmente a aposta mais segura para a maioria dos escritórios e comércios em Portugal.

Tem dúvidas sobre se o seu plano de incêndios está conforme a lei? Na Medisigma, podemos ajudar a auditar e garantir a segurança do seu espaço.